Compadre, tá indo embora pra campanha?
Mas barbaridade!
Mas até meu cavalo baio
Tá enredado nas esporas, tchê!
Eu estou aborrecido
Com este mundo de agora
Vou me bandear pra campanha
Do povoeiro vou me embora
Já senti que tô sobrando
E tá chegando minha hora
Na cidade todo mundo
Tá enredado nas esporas
Tchê, tão se enredando nas esporas
Oigalê, do povoeiro vou me embora
Barbaridade, tá chegando minha hora
Tchê, tão se enredando nas esporas
Um ginete da cidade
Com banca de lá de fora
Montou num potro aporreado
Que é a coisa que mais adora
Na primeira corcoveada
A costela no chão estora
De arrasto preso no estrivo
Enredado nas esporas
Quase sempre contrariado
O casalzinho se namora
No dia do casamento
A mãe do noivo é que chora
Olhando feio pra noiva
Louca de raiva da nora
Dali por diante o filhote
Tá enredado nas esporas
E para os novos gaiteiros
Que tão começando agora
Garroteiam mas não sabem
Onde o sentimento mora
Nem sonham um dia tocar
Como os gaiteiros de outrora
Mas vão patinar bastante
Enredado nas esporas
Eu levanto bem cedinho
Quando vem raiando a aurora
Pois mateando ao pé do fogo
Que a minha ideia se aflora
Com minha alma fervente
Peço pra Nossa Senhora
Que não passe minha vida
Enredado nas esporas