De cruzada na fronteira
Livramento, Quaraí
Vem, de vento, um chamamé
Com a brisa do Ibicuí
Era um farrancho três pátrias
Retrato continentino
Que, por si só, desenhava
Este bailado teatino
Sarandeio, grito e farra
Vale quatro, oiga-le, tchê
Debochado, grita: -Truco!
Mania pra aborrecer
Um às de sobra é bochincho
E a tarca pode ferver
Ataca as égua', parceiro
Sapateando um chamamé
Tem gaúcho, argentino, uruguaio, carpeteiro
Hermanos parceiros, oiga-tê
Num baile fronteiro, por pouco dinheiro
Se forma o entreveiro até o amanhecer
Tem gaúcho, argentino, uruguaio, carpeteiro
Hermanos parceiros, oiga-tê
Cultura campeira, causos teatinos
Retrato campeiro e solta um chamamé
Num grito: Bamo', gaiteiro
Não deixa o baile morrer!
De susto, risca a cordeona
Tocando outro chamamé
E a gaita rasga o silêncio
Num grito de: Bamo'-lhe, tchê!
Pois bailanta de fronteira
Pode algum troco nascer
Num baile chamameceiro
Corre a adaga, sapateio
Se atira o corpo pros lado'
Pra escapar do tempo feio
Num tranco de três bandeira'
Sapateado e encantador
Simula um gesto gaúcho
De um convite para o amor
Tem gaúcho, argentino, uruguaio, carpeteiro
Hermanos parceiros, oiga-tê
Num baile fronteiro, por pouco dinheiro
Se forma o entreveiro até o amanhecer
Tem gaúcho, argentino, uruguaio, carpeteiro
Hermanos parceiros, oiga-tê
Cultura campeira, causos teatinos
Retrato campeiro e solta um chamamé