Me deem um naco de campo
Pra plantar minha semente
Sou plantio na lua nova
Germinando na crescente
O meu pai fez serenata
Minha mãe disse que sim
Por isso que só existe
Poesia dentro de mim
Sou cacimba de águas claras
Vertente que nunca seca
Me criei rolando o mundo
Sempre levado da breca
Poesia, china e cantiga
Me arrastam pra qualquer lado
Cordeona chora comigo
Quando canto apaixonado
Sou bugio, xote e vaneira
Dançados no chão batido
Sou cordeona de oito baixos
Resmungando num gemido
Sou cantor das noites xucras
Junto de um fogo de chão
Sou o pouco que ainda resta
Do rio grande a tradição
Por isso eu quero um pedaço
Na história desta querência
Pra o cantador do futuro
Conhecer a minha essência
Do homem a vida esquece
Mas o poeta verdadeiro
Será sempre relembrado
No calor de um braseiro