O Ciro desde guri, tocava no mesmo tranco
Bochincho que ele animava, chegava a fazê remanso
Mas quando falava em beiço disfarçava e dava ranço
Pois se lembrava da infância, quando morou lá na estância
E ele que não era manso, perdeu o beiço de baixo
Numa bicada de ganso
Oigalê fandango macho, que a pouco te vi dançando
E o gaiteiro ciro beiço ai que tocava se babando
Peludiava na cordeona, puxando uma quatro soco
Prá dançar num baile desse só borracho ou meio louco
A cordeona nos seus braços, era coruja no oco
E o velho quide cantava lá num canto meio rouco
Na salita da bailanta, só piscando pras guria
Juca basto, pandeirista num couro seco batia
Lá no meio do salão, Bitifarra abria o peito
Meus senhores e senhoras vai tocar o dom Ciro Beiço
E passe o beiço, e passe o beiço, e me deixe o beiço passar
Aonde toca este velho Ciro Beiço
O pessoal que tá sem troco vai entrando sem pagar
Já se amorou, carcou, passaram o beiço bem no meio do salão
É o velho Ciro, que tá dizendo
Que os rapa chegue nas moça e que as muié não de carão
A cordeona era reiúna, num contra lado de lata
E a baixaria roncava que nem leitão nas batatas
Duas horas demoravam num vanerão sem retovo
E tinha gente que dormia e que voltava dançar de novo
E assim nasceu a história desse cuento tão estranho
Por causa de um ganso macho que peleava no rebanho
Se as guria não dançasse, só ficasse no arreganho
O velho Ciro ficava com o beiço deste tamanho