Já perdi a conta dos dias que quando a porteira se abria,
Montado a cavalo eu saia com laço rodando na mão,
Em poucas braças de espaço já preparado pro fato,
Jogava o cipó e num ato eu logo pulava no chão,
Pra não perder um segundo, aquele era o meu mundo, a arena de competição
Também já lacei no campeio, e sei que nunca fiz feio,
Entrando bem lento no meio pra fazer a apartação,
Andando meio de esgueio, eu nem me mexia no arreio,
O bezerro ficava parelho, certeza que ia pro chão,
Pra ele não se assustar, jogava era sem buliar, nem dava pra ter reação
Mandava abrir a porteira, com uma laçada certeira,
Pegava novilho em mangueira na lida da castração,
Entrava na capoeira, e não refugava a sujeira,
Enchia a minha algibeira com o dinheiro do patrão,
Não éra pra qualquer um, tarefa meio incomum, capturar boi fujão
Eu penso como é o destino, eu fui laçador em menino,
Agora neste desatino, por não ter firmeza nas mãos
A idade castiga sem dó, o tempo me apertando o nó,
De resto serei como pó, de volta irei para o chão,
E tenho no pensamento, certeza que o meu tempo, já se tornou erosão!
Composição: Ivan Souza e Júlio César