Da porta do rancho eu tenho a imagem que a vista pediu,
Quando é de tardinha e o sol vai sumindo na margem do rio,
De alaranjado naquele espelho de água tingiu,
E as copas da mata a noite apressada já quase cobriu,
Escuto o barulho do sapo no brejo e o triste assovio,
Da ave noturna da qual no momento o nome fugiu,
Eu não me incomodo se tem pernilongo e nem se tá frio,
Eu gosto de ver a lua prateada a fazer desafio,
Se ainda é mais bela, que a cor amarela do sol que agora sorrindo partiu...
Estrelas cadentes cruzando no céu quem é que não viu?
Será realmente que alguma delas um dia caiu?
Esta é a rotina que adoro viver por dias a fio,
Eu sou um caipira criado na roça, um pouco arredio,
Mas quem me conhece já sabe que sou um cabra de brio,
Aqui no meu colo a cabocla me disse que sente arrepio,
Da barba na nuca e o carinho fazendo acender o pavio,
Só falta um rebento, mas isso a gente até já pediu,
Pra nós o que conta é saber que aponta se muito tardar no mês de abril....
Aqui o meu mundo eu sei é pequeno, mas não é vazio,
Pensar em mudar daqui chego até sentir calafrio,
Pois vivo contente na minha morada onde sou sadio,
Por nem um tesouro, de prata ou de ouro eu troco meu sítio
Na beira do rio
Composição: Ivan Souza / Júlio César