A terra por meu pai comprada foi adquirida de um nosso parente
Negócio que já não se vê, pois hoje a gambira ficou diferente
Só falam de arroba de boi, de saca de soja e daí pra frente
Quarenta alqueires que foram medidos na corda por braças
Valia pela confiança, com o povo de antes não tinha trapaças
Um fio de bigode valia pra dar garantia do nome na praça
Quarenta tambem a quantia das vacas que ia como pagamento
Um carro de boi com três juntas, seis éguas de cria e o nosso jumento
O nosso cavalo arreado e duas potrinhas foi de complemento
Papai colocou no negócio a guaiaca e o seu trinta e dois,
Alem das porquinhas marroas, dezoito galinhas me lembro que foi
E o resto do cobre que tinha ficou pra pagar um ano depois
Agora que nossa terrinha que era miudinha de vista já some
Eu nunca me esqueço e sempre enalteço ao dizer o seu nome
Meu pai que lutou e que nunca deixou um de nós passar fome
Eu sei que ficou na pendura, mas a vida dura ele soube enfrentar
Lutando com honestidade o seu patrimônio só fez aumentar
Milhares de vacas paridas na nossa fazenda hoje eu vejo pastar
Composição: Ivan Souza e Júlio César