Eu saí pela porteira do mundo em felicidade,
Só levando na algibeira a danada da saudade
Entrei num lugar estranho, que eles chamam de cidade
Com tanta mentira solta que assustou minha verdade,
Me chamaram de matuto, perguntaram para mim,
Porque sou tão diferente, se tem gente de onde vim,
E fizeram uma zoeira, quando viram minha mala,
Desdenharam a minha roupa, da botina nem se fala,
Porque riram da camisa, só porque não é de malha?
Minha calça de xadrez e do meu chapéu de palha,
Me chamaram de matuto,não quiseram nem saber,
Se o gosto que eu tenho, é direito alguém ter,
Pra roubar minha carteira que dentro não tinha nada,
Vieram com uma baboseira, e uma tal prosa fiada,
Me empurrando com a barriga me tomando por otário,
Mas carrego em minha meia o dinheiro do salário,
Pois sabia que o mundo é maior, isso aprendi
De bobo não tenho nada, não foi ontem que nasci
Vou voltar pra capoeira, onde a roça é plantada,
Só tinha vindo aqui mesmo, foi dar uma passeada,
Eu não fui bem recebido, mas vocês tão enganados,
Hoje volto bem tranquilo, nem um pouco magoado,
Se não fossem os matutos pra vocês seria o fim,
Será que seus alimentos plantariam no jardim?
Se não fossem os matutos pra vocês seria o fim,
Será que seus alimentos plantariam no jardim?
Composição: Ivan Souza e Júlio César