Saudade às vezes marca com profundas cicatrizes,
Por isto em alguns momentos nos sentimos infelizes,
Não dá para ver na pele, está gravado na alma,
Um vendaval de lembranças que não tem nada que acalma,
Nosso ranchinho de palha, de modelo duas águas,
Nossa cama de tarimba feita sobre oito tábuas,
Mesmo assim sem conforto, era um lugar encantado,
Onde a gente dormia juntinho, amontoado
Em uma infância vivida na inocência mais doce,
Já nos fazia felizes vivendo do jeito que fosse,
E pra fazer os brinquedos, sabugo de milho era usado
As vaquinhas de xuxú era o rebanho de gado,
Em meio a tanta a alegria tantos gritos, risadas,
E às vezes o silencio daquelas horas passadas,
Brincando tão sossegados sob uma velha mangueira,
Esse era meu mundo, viver era a brincadeira
Num caminhão pau de arara, lembro a nossa partida
Papai arrumando nas trouchas o que a gente tinha na vida
Como eu era pequeno, não conseguia entender
Mas minha cara assustada, só perguntava porquê?
Mamãe trazia um sorriso na hora de nos falar:
Noutra cama de tarimba nunca mais vão deitar,
Seguindo nosso destino rumamos pra outro lugar
Num dia frio de inverno partimos, partimos do paraná!
Composição: Ivan Souza e Júlio César