Nas minhas andanças eu tive a honra
Nos dias de hoje aqui encontrar,
Notável pessoa assim tão marcante
Dos poucos que podem me testemunhar,
Que um dia um carreiro ele foi de verdade
Ofício em que pôde a família criar,
E pediu que fosse de meu próprio punho
Os escritos da história que ia contar,
Falou das passagens de sua infância
De quando ali se tornou um rapaz,
Da roça de toco sendo cultivada
Onde se plantavam belos milharais,
De campos, cerrados e matas nativas
Que pensa que hoje nem existe mais,
Falou ter andado naquelas estradas
Encostas e serras com seus pedregais
Usou de firmeza ao falar sobre as juntas
O nome de todos ainda lembrou,
De inúmeras vezes que uma tiradeira e
A canga dos bois ele colocou,
De como a chaveia com as mãos calejadas
No seu tamoeiro então engatou,
E agora o ajoujo só prende a saudade
Com a realidade do que lhe restou,
De olhos fechados fiquei por segundos
O tempo pra mim pareceu ir além,
Chorei ao ouvir-me contar dos lugares
Que ele recorda assim como ninguém,
Do adeus que ele deu à boiada carreira
Com a voz embargada me falou também,
Da casa ficando distante na estrada quando
Ele partiu da fazenda muquém!
Chorei ao ouvir-me contar dos lugares
Que ele recorda assim como ninguém,
Da casa ficando distante na estrada
Quando ele partiu da fazenda muquém!
Composição: Ivan Souza / Júlio César