O Fado p'ra ser castiço
não é, por isso
antiquado
Deve, até, ser p'ra frentex
e assim é que se
trata hoje o Fado
Graças ao computador
p'ra se compôr
com grande afã
digita-se um teclado
e o resultado
vê-se no "écran"
Pode-se falar de tascas
rameiras rascas
vida indecente
mas não se vai à taberna
e quem alterna
é a corrente
Pode o faia ser gingão
falar calão
andar à crava
pode a fadista usar xaile
mas é num "file"
que isto se grava
Para que a gralha se evite
faz-se um "delete"
e, a seguir
se a memória já não vive
faz-se "retrieve"
no mesmo "dir"
"Enter" que estás a agradar
convém salvar
se a coisa interessa
Mal a letra se define
com "print screen"
sai logo impressa
Com o título ninguém teime
faz-se "rename"
nem se discute
E, se a Cpu pendura
tudo tem cura
basta um "reboot"
Guitarras virtualizadas
vozes filtradas
por fios eléctricos
o Fado activa circuitos
e os seus intuitos
são cibernéticos
Já não se escreve em toalha
a boa malha
que vem à mente
Esse bom tempo findou-se
agora é "windows"
o ambiente
O Fado é feito com "bits"
em "micro-chips"
mora em "disquette"
mas não deixa de ser Fado
Está paginado
na Internet