Por querer bem a quem não deve
Quer chorar, fica calado
Quer sorrir e não se atreve
E bate leve, tão leve
Como em dia de nevão
O vento rouba do chão
Um bolinha de neve
Que pelo espaço descreve
Bailados com tanta vida
Até ficar derretida
Feita gotinha de orvalho
Suspensa do velho galho
Como lágrima caída
Dobraste a minha vontade
À tua, com decisão
Não teimes, por caridade
Não me mates coração
Ingrato, louco, ladrão
Não ames quem não te quer
Tu podes retroceder
Podes voltar à razão
À bendita solidão
Como bolinha de neve
Que pode voar tão leve
Que pode rir livremente
Coração, pobre demente
Quer sorrir e não se atreve