Na boca dum poeta que não morreu de amor
Mas bebeu da raíz do medo e da revolta
Na alma duma preta e duma branca flor
Anda no meu país uma palavra àá solta
No peito dum amigo que não morreu soldado
Nos barcos e nas redes, nos campos duma herdade
Na raiva do mendigo, nas palavras dum fado
Escrita nas paredes e murs da cidade
No gesto da mulher que passa à minha rua
Levando pela mão uma criança nua
Há todo o meu país, há um grito d'esperança
E uma palavra à solta nas mãos duma criança