Conheço um casal tão pobre
Que leva a vida tristonha
Num barraco de favela
Lá pras bandas de Congonhas
Todo ano no barraco
Tem visita da cegonha
A esposa só padece
De tão magra até parece
Um trabuco sem coronha
Numa vi ninguém mais pobre
Num viver tão apertado
A mulher reclama e chora
Do marido desnorteado
Que vivendo na apertura
Já quer dormir separado
E cada avião que ronca
A mulher já dá a bronca
Esse diabo é o culpado
O marido então reclama
Hoje estou vivendo assim
Tenho dez filhos pequenos
A chorar junto de mim
Um no colo, outro nas costas
Grudados que nem micuim
Ela diz pra vizinhança
Já cansei de ter criança
Ele quer ver o meu fim
Não tenho nada com isso
E nem vou me intrometer
Se eu pudesse dava um jeito
Pra não ver ninguém sofrer
Um casal com a criançada
Sem ter nada pra comer
Num barraco de favela
É mais triste que a novela
O Direito de Nascer