Na cidade de Andradina
Um boiadeiro chegou
Com mil e quinhentos bois
Com destino ao matador
Com o latido dos cachorros
A boiada estourou
Foi grande a correria
Era só grito que ouvia
Não tinha quem socorria
Mas o milagre Deus mandou
A boiada esparramou
Pelo centro da cidade
Batendo os cascos na rua
Parecia tempestade
Tinha criança brincando
Em sua simplicidade
Levaram um grande espanto
Foi grito por todo canto
Por milagre de algum santo
Não houve fatalidade
Apareceu um peão
Com o berrante repicando
Naquele mesmo instante
A boiada foi parando
Para perto do peão
A boiada foi chegando
Era um gadão de raça
Ficaram todos sem graça
Sem fazer mais ameaça
E vinham todos berrando
Com o som deste berrante
Vi muita gente chorando
Cheguei perto do peão
E fui logo perguntando
Pela marca do berrante
Assim ele foi falando
Marca nele não há
Você pode acreditar
Este berrante que aqui está
É o chifre do Soberano
O Soberano morreu
Mas sua fama ficou
Do couro foi feito um laço
Que até hoje não quebrou
Do chifre, este berrante
O meu pai quem fabricou
Recebi como herança
E guardo como lembrança
Eu sou aquela criança
Que o Soberano salvou
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)