Jesus Belmiro / Cacique
Rasqueado
Sentei no degrau da porta olhando para o poente
Avistei no por do sol uma nuvem diferente
Vermelha, até brilhante e no formato de gente
Me representou o corpo de um alguém que vive ausente.
Revivendo em pensamento os nossos momentos de amor
Sinto a mão da saudade no meu peito sofredor
Apertando o coração e me enchendo de dor
Eu só não vi a saudade por que ela não tem cor.
O sol se escondeu no monte e a nuvem também sumiu
A negro manto da noite o céu e a terra cobriu;
Só a imagem deste amor que um dia também partiu
Ficou pra ver o pranto que do meu rosto caiu.
Nos braços da solidão pela estrada do desgosto
Vou levando o sofrimento estampado no meu rosto;
Sem ela me minha vida de viver perdi o gosto
De quem padece no mundo eu tenho o mais alto posto.