Fado do Lugar-Comun
Vida amarga a que passei
De infortúnios sem história
Governou-a a dura lei
Vida amarga a que passei
Do amor
e da desmemória
Tristes palavras ao vento
Fui deitando devagar,
Sabiam ao meu lamento
Tristes palavras ao
vento
Eram meu jogo de azar
Tenho os olhos rasos de água
E em tanta melancolia
Como flor feita da mágoa /
Tenho os olhos rasos de água
Nos limos da maresia
A chorar mal reconheço
O coração tão estranho
Assim
virado do avesso
A chorar mal reconheço
A voz com que o acompanho
Meu pobre contentamento
Meus nervos
então arrase
Ao ver momento a momento
Meu pobre contentamento
Ter falhado, estando quase
Ah, fado, és
lugar-comum
Sustentas-me o coração
Sem lhe fazer bem nenhum
Ah, fado, és lugar-comum
E pura contradição