Andam passos na calçada
Que me acordan. Quem será?
Uma sombra na fachada
Decerto não vem por nada
Sabe Deus ao que virá
A sombra de mão em riste
Perguntou-me se sabia
Como há gente que resiste
A cantar quando está triste
E a chorar de alegria
Na teia da Criação
Alguém deu um nó errado
Eu respondi-lhe que não
Os nós da contradição
São o mistério do Fado
Tocou-me o rosto e sorriu
De um jeito que não esqueci
No mesmo passo partiu
O vento ficou mais frio
Deitei-me e adormeci.