Perguntei ao mar salgado
Pela gaivota doente
Por seu voo desenhado
À crista da ondas rente
Seu bico tocava a espuma
E nas asas transportava
Branco estilhaço de bruma
Que à luz do sol faiscava
Perguntei ao mar salgado
Pela gaivota doente
Viveu na rosa dos ventos
Nos halos da maresia
E entre os algodões cinzentos
Das nuvens quando as havia
Mas o mar já não a expela
Não vem mais à maré vaza
Nem às nuvens aparelha
Nem o vento é sua casa
Digo ao mar salgado assim:
Nunca mais ninguém a viu
Nem voa dentro de mim
Porque o meu amor partiu