Eu deixei a minha roça
Na beira daquelas vargem
Fui bom no cabo da enxada
Um dia perdi a coragem
Continuar plantando roça
Eu achei que era bobagem
Ajeitei meu terno novo
E preparei minha bagagem
E mudei pra capital, ai, ai
Pra viver na malandragem
Primeiro golpe que eu dei
Foi o conto do vigário
No dia que os operário
Receberam o salário
Peguei um cabra sabido
O golpe veio ao contrário
Ele era um vigarista
Fantasiado de operário
Eu quis bancar o malandro, ai, ai
Acabei sendo o otário
Depois eu tentei a sorte
Num joguinho de baraio
Polícia baixou na mesa
Foi logo descendo o máio
Na cadeia apanhei tanto
Quase que de lá não saio
Senti saudade da roça
Saudade do meu trabaio
É como diz o ditado, ai, ai
Cada macaco em seu gaio
Tentei toda a malandragem
Mas não acertei nenhuma
Essa gíria de malandro
Não entendo coisa alguma
Quem nasceu pra ser malandro
Na malandragem se arruma
Se o malandro for pra roça
Ele não se acostuma
É lá no cabo da enxada, ai, ai
Que a caboclada se apruma
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)