Há muitos anos atrás
No interior que eu fui criado
Fui um dos melhor peão
Que existiu praqueles lado
Numa daquelas fazenda
Aonde eu fui empregado
Amestrei um potro preto
Que é para lidar com gado
Como rei das invernada
Ele foi considerado
Certo dia no mangueiro
Eu estava distraído
Um mestiço traiçoeiro
Me pegou desprevenido
Se não fosse o potro preto
Hoje eu era falecido
Como um raio ele enfrentou
O mestiço enfurecido
Mas eu fiquei um homem imprestável
E dali fui despedido
No lombo desse potranco
Fiz proezas importante
Mas no mundo, meus amigo
Nossa vida é um instante
Hoje velho e acabado
Igual um mendigo errante
Fui rever a minha terra
Pra lembrar os tempo de dantes
E vi uma triste passagem
Que me fez chorar bastante
Lá no matador da vila
Eu vi o rei da invernada
De caminho para o corte
Por já não valer mais nada
Eu chamei ele pro nome
Com a alma amargurada
Ele ainda relinchou
De cabeça levantada
Parece até que relembrou
A nossa vida já passada
Sem nada poder fazer
Praquele que me salvou
Meus olhos viram chorando
Quando ele no chão tombou
Às vezes chego a pensar
Que não existe mais amor
Como pode um homem rico
Que não tem mais onde pôr
Vender pro corte um animal
Que tanto serviço prestou
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)