Fui negociá uma vacada
Na fazenda Corredêra
Eu levei cinco peão
Capataz Chico Noguêra
Nóis cheguemo na fazenda
Na tarde de quinta-feira
De noite fumo drumi
Pra aliviar a canseira
Levantemo bem cedinho
Pra vê as vaca na manguêra
Na hora da marcação
Acendemo uma foguêra
Tinha uma tipo mestiça
Perigosa e derradêra
Tava cos óio vermeio
Sortando uma faisquêra
Quando eu bati o marcadô
Só vendo que pagodêra
A bicha urrava tão feio
Qe balanceava as parmêra
Rebentô o laço e fugiu
Inté levantô poêra
Toquei meu cavalo em cima
Cerquei a vaca na carrêra
A vaca sumiu de vista
No meio da carrasquêra
Nisso apareceu uma moça
Vestida de boiadêra
Ela me falô sorrindo
Isso é coisa passagêra
Me diga onde foi a vaca
Que eu já passo uma trapêra
A moça tava montada
Numa besta marchadêra
Jogô por cima da vaca
Deu uma laçada certêra
Quando ela vinha de vorta
A turma ficô fancêra
De ver a moça brincando
Com a vaca na chichadêra
Eu quando fui pra ir simbora
Botei a mão na gibêra
Puxei quinhentos cruzêro
E fui dá pra boiadêra
Seu moço guarde o dinhêro
Que eu não sô interessêra
Leve sua boiada embora
Descurpe da brincadêra
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)