Vou contá pra quem não sabe
Tudo quanto eu já passei
Desde o dia que eu me casei
Com a Rosinha do sertão
Nóis vivia muito contente
Sem saber que a negra sorte
Tão cedo mandasse a morte
Me trazendo a desilusão
A Rosinha era tão boa
Tão alegre e carinhosa
Por isso chamava Rosa
Rainha de todas as flor
Nóis casemo no São João
Foi bem no meado do ano
Tive logo um triste engano
A Rosinha me deixou
Naquela mesma igrejinha
Onde foi a nossa união
Ela entrava num caixão
Pra fazê sua despedida
No sair tocava o sino
Num triste som que embalava
Parecia que ele falava
Adeus Rosinha querida
Na vorta do cemitério
Quando cheguei no meu rancho
Vi que o meu cavalo Pancho
Começava a relinchar
Parecia que o meu cavalo
Perguntava da patroa
Aquela alma tão boa
Que foi pra não mais vortá
Meu rancho no pé da serra
Ficou só sem moradô
Que lembrança desse amô
Guardo aquele branco véu
Que ela cobriu a cabeça
Igual a Virgem Maria
Rezo e peço todo o dia
Um lugar pra ela no céu
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)