Tenho uma história pra contá procêis
Que são mineiro e mineiro bão
Não faz um dia nem tampouco um mês
Faz muitos anos, não me esqueço não
Eu era moço, era um mineiro forte
Trabalhador, eu posso inté jurá
Corri o Brasil e foi de sul ao norte
Quando deixei meu estado natá
Minas Gerais, deixei lá meu sertão
Truxe sôdade, de lá vim simbora
Mas truxe ela no meu coração
Quando me alembro inté meus óio chora
Eu vou contá porque razão saí
Porque deixei o meu torrão natá
Deixei o rancho lá donde nasci
Que foi meu berço, isso é naturá
Foi num ranchinho bem lá na picada
Pois inté hoje vancês pode vê
Lá eu nasci e na mesma morada
Veio também um outro amor nascê
Aquela santa, minha companheira
Que Deus me deu pra nóis vivê feliz
Inté que um dia a sorte traiçoeira
Levou aquela a quem tanto eu quis
Um dia então foi de tanta tristeza
Meu coração a saluçar de dor
Eu me arribei por outras natureza
Minas Gerais tão grande lá ficou
Mas qual o quê eu não me esqueço não
Pro meu estado eu quero vortá
Quero morrer naquele meu sertão
Quero morrer lá em Minas Gerais
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)