(“Enquanto ferve a água para um mate amargo
Eu gostaria, gaúcho velho
Que tu me contasse alguma coisa da tua mocidade
Lembra-te, amigo? Recordar é viver”)
Já fui gaúcho valente
No tempo que eu era moço
Minha bombacha de seda
O meu lenço no pescoço
Minha faca charqueadeira
Garrucha de chumbo grosso
Nas festas onde eu chegava, Sá dona!
Eu fazia grande arvoroço
(“Ah, ah, ah, ah!
É verdade gaúcho velho?
Quando tu entrava no salão de dança
Toda a moçada parava pra te ver bailar? ”)
Pra dançar valsa rodada
Eu sempre fui o primeiro
Dançava com elegância
Deixando o povo banzeiro
As mocinhas suspirava
Ficavam num desespero
Por ver o jeito elegante, Sá dona!
Deste gaúcho pampeiro
(“É! e o que se passou contigo, gaúcho velho
Naquela tua ida a Passo Fundo? ”)
Numa festa em Passo Fundo
Formei um grande salseiro
Briguei com quatro paulista
Dois baiano e dois mineiro
Arranquei meu garruchão
Foi aquele fumaceiro
E quando acabou a fumaça, Sá dona!
Eu tava só no terreiro
(“A tua história é longa, meu amigo
Dentro do teu peito existe um coração
E esse coração não envelhece”)
Agora que já estou velho
Tenho a pele encarquilhada
Me alembro daqueles tempo
Que eu nunca enjeitei parada
Minha faca e a garrucha
Eu tenho as duas guardada
Saudade daqueles tempo, Sá dona!
No meu peito fez morada
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)