Ingrata Maria (Raul Torres)
1. De noite tive sonhando com você minha princesa.
Acordando não vi nada, o sonho não é certeza.
Eu passei o dia todo chorando só de tristeza.
Essa minha triste vida, eu confesso com firmeza.
Ando vendo em toda parte teu semblante de beleza.
2. É triste viver no mundo amando sem ser amado.
Um coração que padece vive triste e amargurado.
O coração que não ama, vive alegre e descansado.
Quando ocê passa por mim, com seu andar balanceado.
Eu prego os zóio no chão, prá chorá mais disfarçado.
3. Quisera que Deus me desse o prazer de conquistá.
Desse teu zóio tão lindo, aventura de um oiá.
E depois dum certo tempo, sua mãozinha segurá.
Encostada no meu peito, só prá mor dela escuitá.
E sentir o tique-taqui do coração dispará.
4. Eu quisera ser um pente prá ajeitá o teu penteado.
Uma fita cor de rosa no teu cabelo amarrado.
Eu quisera ser a barra do teu vestido rendado.
Eu quisera ser o sarto, do teu sapato dorado.
Prá você pisá bem forte neste coração magoado.
5. A tristeza me acompanha, não tenho mais alegria.
Eu percuro disfarçá essa minha melancolia.
Eu quisera nascer cego, tarveiz assim não sofria.
É melhor viver nas trevas, do que ver a luz do dia.
Do que ver o seu semblante, de você ingrata Maria.