Lembrando daquele baile que fui um dia lá na fronteira
Peguei a minha cordeona que tantas vezes me foi
parceira
No retoço de um surungo meti o matungo numa ratoeira
Entrei pulando a janela e disse pras belas "adescurpe"
a poeira
Cheguei arrastando a asa dei "Oh! De casa" pros
bagaceiras
Achei uma preparada dessas guardadas na prateleira
A la pucha meu compadre porque a cachaça era
brasileira
Eu empinei o gargalo e cantei de galo pra sala
inteira
(E a peonada num vai vai vai e as prendinha num vem
vem vem
Bis
Era um baita sapateio e eu perdido pelo meio não me
achava com
ninguém)
O sol nem tinha baixado e tavam grudado numa
rancheira
Puxada na quatro soco na mão do loco do joão cruzeira
Ponteando um violão bacudo naquele estudo lá da
fronteira
Andava um xirú crinudo apostando tudo numa dedeira
O batedor de pandeiro tocava em riba de uma cadeira
Olhava o baile por cima fazendo clima com a
bolicheira
Quando o mingau ficou quente saltava gente da
frigideira
E o baixinho valente quebrou dois dentes na
brincadeira
Entrei numa jogatina porque uma china me deu bandeira
E me tiraram pra bobo fizeram um rombo na minha
algibeira
Num ato de desespero abri um berreiro com os calavera
Não é querer me exibir mas amanheci ombreando madeira
Depois de quebrar a louça o quarto das moças era uma
trincheira
Pra uma senhora minha amiga eu disse que a briga era
passageira
No meio do galinheiro eu ouvi parceiro a saideira
Por sorte salvei meu terno daquele inferno lá da
fronteira