Por quase nada
você vem, acusa e estraga
o que o amor plantou
sem se dizer qualquer palavra.
Por quase nada,
essas brigas tolas, rasgadas,
e a gente fica sem saber o que fazer
e se maltrata.
Não condenar
o que a gente receia fazer
nem se negar
o que não dá pra ver
e não amargar
o sabor de matar, sem viver,
que é bem mais fácil negar
do que se dar sem temer.
Por quase nada,
essa solidão deslavada
no meio dessa multidão
cada vez mais despreocupada.
Por quase nada,
uma indecisão deslavada
e a gente sente até um pouco de prazer
na escapada.
Elizeth Cardoso /
Álbum: O inverno do meu tempo
Som livre (1979)