Mão de cortar cana-de-açúcar
não tem a mesma ginga da que colhe o grão
A mão paulista que batuca
carrega o som do baque seco do pilão
Tá na pancada da madeira socando o café
Sabe o que é? Sabe o que é?
O baticum da terra roxa na sola do pé
Sabe o que é?
Samba que não vem só do candomblé
Nasce da batida do monjolo
no batuque da lavoura
no repique da colher
na morena que lava o tijolo
enquanto tira da vassoura
o “xic-xic-xic” do afoxé
Mão de cortar cana-de-açúcar ...
Ecoa como o som do mato e não o som do mar
Pode escutar... Pode escutar....
O reco-reco da peneira a se bambolear
Pode escutar...
O tempo é o baque do pilão quem dá
Samba que nasce no pé da roça
com a pele da mão grossa
no bater da marcação
Tem a divisão toda quebrada
(uma remota batucada)
só que numa outra pulsação
Mão de cortar cana-de-açúcar ...