Quebra a cara
mas se se toca em frente
no dente por dente
um dia a mágoa pára
Vida maluca
jogo de sinuca
Um dia Giggia, outro Pelé, Mané, Didi, Riva e Tostão
Só que não dá pra disfarçar a solidão
em cada pulo que amputaram do João
Cada menino driblador desta nação
que vai se embora sem ganhar a posição
Foi-se o Quintana, passarinho
ficaram os que passarão
Mesmo apertado o coração toca voar
virar balão
pra inaugurar outra estação
Olha a Mangueira do Amanhã na ladeira da redenção
De pé no chão
mesmo em jejum o sertanejo vai fazer o São João
nosso Carlito é o Gonzagão
Salve a cachaça, o carnaval, o chimarão!
Quebra a cara
Chora que se escancara
olha o infinito e, então, a mágoa um dia sara
Não é loucura que a mesma cultura
que mata e tortura
dê Maurício, Tande e Marcelo Negrão?
E o que era belo fica pra iluminação
em cada fio verde-amarelo de emoção
em cada Grande Otelo que pega o avião
em cada curva Tamburello, em cada vão
em cada pedra no caminho, em cada verso do Drummond
Mesmo apertado...
E, de repente, a sina da continuação
em cada Elis Regina uma nova canção
Cada Ronaldo que surgir na multidão
é um operário a menos da desilusão
Em cada chute do Romário em cada gol da Seleção
Mesmo apertado...