Eu, o desclassificado, o marginal
pivô de tantas brigas de casal
me pego dentro de um supermercado
feliz comprando a ceia de Natal
Nós, marcados pra morrer de traição
um mês depois do fogo da paixão
fizemos vinte anos de casados
ainda iluminados de emoção
Dizer pra nossa filha então o quê
quando ela vem contar
que quer sair para tentar viver o grande amor?
Gritar que as paixões são perigosas
e que a vida é mentirosa
pra quem não sabe o que dor?
Que todo coração é um fingidor?
Que é mentiroso todo o grande amor?
Se a chance que ela quer é a que nos demos
como vou dizer não?
Não.
Fiz um sinal que estava tudo OK
Levei minha menina até o portão
Juramos que jamais nos perderemos
Deixei que ela partisse e, então, chorei