O movimento cresce a par e passo
Mas navegamos num rio que está manchado
De um lado a incompreensão é o adversário
Do outro aqueles que vestem a camisola ao contrário
Há muitos grupos, muitos projectos
Mas a humildade ainda é pouca no trajecto
Com que olhos somos vistos pelo povo ou pelos média?
Não me interessa, já caguei para essa merda
MC’s e DJ’s, B-Boys ou nos Graff’s
Caminhamos para os milhares de filiados nas artes
Mas há regras e éticas para bombar com estética
Estragam monumentos, poluem movimentos
Há cowboys alados que se auto-denominam de soldados
Na música não passam de gaiatos
Qualquer um pode fazer um verso potente
Mas até que ponto é que escreve aquilo que sente?
Qualquer um grava um álbum, “fecha o tasco”
Dá um nome a um colectivo ou inventa um manifesto
Cuidado! Mais tarde ou mais cedo, no tempo certo
A verdade aparece, o vigário é apanhado
No fundo sinto medo e desgosto ao mesmo tempo
Porque o sentimento da velha escola se evapora com o tempo
Retomo a contagem no cronómetro
Continuo a bater o record mínimo
Há muito para compreender, para descobrir
Cultura pura, será que a sabes sentir?
Não é uma mera imagem, é um símbolo
Sentimento em bruto à espera do teu fruto
Será que sabes aquilo que fazes?
Será que fazes aquilo que sabes?
Espero que não te enganes
O importante é usares as tuas faculdades
Para melhorares cada vez mais naquilo que fazes
Resume-se tudo a um fruto, um alimento
Esquece a casca, a maravilha está por dentro
Não é só escrever, cantar, pintar
Falar para a gera, dançar, vestir… aparato é sentir
A nobreza de um aperto de mão
No acto, o orgulho de receber e dar prop’s, pisar um palco
Atitude e personalidade é muito raro
No individuo que só quer dar espectáculo
Há que tentar perceber e alcançar o espírito
Dos verdadeiros fundadores deste movimento
Recuperar o sentimento e a postura
Dos clássicos pioneiros desta cultura
Por todas as horas dias, semanas, meses, anos que dediquei ao HipHop
O que podia ter feito não sei, outras coisas
Conhecido outras pessoas, mas não
No fundo tenho orgulho naquilo em que me tornei
Naquilo que faço, naquilo que sou, MC
Dominar microfones até ao fim da vida
Só paga o preço errado quem não enxerga
A outra face da moeda
Há muito para compreender, para descobrir
Cultura pura, será que a sabes sentir?
Não é uma mera imagem, é um símbolo
Sentimento em bruto à espera do teu fruto