Minha infância eu passei lá na roça
Oh que vida gostosa que eu tinha
Meu pai era um homem forte
Minha mãe muito alegre e novinha
Os vizinhos da redondeza
Lá de casa então não saiam
Eu confesso que nunca me esqueço
Dos bailes, das festas e dos terço
Que papai quase sempre fazia
Quando eu completei 15 anos
Certo dia meu pai decidiu
Nós vamos mudar pra cidade
Com a notícia meu peito partiu
Deu quase de graça a nossa mudança
O que não vendeu ele repartiu
O nosso cavalo de estimação
No acerto de contas ficou pro patrão
Notei nos teus olhos a dor que sentiu
Nossa casa tinha oito quarto, duas salas e uma dispensa
Na cozinha um fogão lenha e pra fora uma varanda intensa
Hoje moramos amontoados a nossa casinha parece uma prensa
Lá no sítio era tanta fartura hoje a gente come sem mistura
Eu sinto da roça uma saudade imensa
Se você hoje me perguntar se de novo eu pudesse escolher
A cidade ou a velha fazenda que eu nasci e que me viu crescer
Com certeza eu voltava pra lá e a primeira coisa que eu ia fazer
Cair de joelho e beijar o chão arrancar a saudade do meu coração
E de lá sair só quando eu morrer