Eu parei na invernada da Fazenda Água-Fria.
Pra descansar a boiada até o raiar do dia.
Os peões da comitiva que nesta tarde folgava.
Foram todos pra cidade comprar o que precisava.
Eu deitei na minha rede procurando descansar.
Mas naquilo eu pensei que o mundo ia desabar.
Uma briga de cachorro espantou a zebusada.
Eu fiquei desnorteado vendo o estouro da boiada.
Mas naquilo eu avistei um campeiro na invernada.
Estalando o seu chicote e gritando com a boiada.
Ele reuniu o meu gado sem tocar uma só rês.
Serviço de seis peões ele sozinho me fez.
Puxei da minha carteira pra pagar o bom campeiro.
Ma por nada desse mundo ele quis o meu dinheiro.
Sorrindo muito contente,me disse o bom cavaleiro.
Não se esqueças que você foi meu melhor companheiro.
Suas costas,meu amigo,ainda deve estar gelada.
Do dia em que me levou pra derradeira morada.
Dizendo estas palavras,o misterioso peão.
Riscou o potro na espora e partiu acenando a mão.
Por incrível que pareça,eu não perdi minha calma.
Alí acendi uma vela e rezei pra sua alma.
Aquela noite eu dormi feliz a noite inteirinha.
Sonhando com as proezas do saudoso Ferreirinha.