Fui carreteiro nesse Rio Grande gaúcho
Transportei progresso e plantei muita esperança
Colhi saudade da lavoura do passado
E hoje carrego uma carga de lembrança.
Mas como é lindo amanhecer do pampa
E eu guardo ainda recuerdos verdadeiros
Fui a paciência caminhante da querência
Vivi distancia ao passar do boi manheiro.
Minha carreta andarenga veio o tempo e desmanchou
Minha boiada tranqueira veio o tempo e carregou
Quanta saudade, quanta saudade
Carreta velha herança do meu avô..!
No piquete da saudade encerro recordações
Da carretadas pelas estradas do pampa
Do meu café de chaleira, de meu arroz a carreteiro
Da costa da restinga onde a tardinha se acampa.
Velha cambona e o recavem da carreta
Um par de canga e um sovéu de qualidade
O facão de tirar trama e a penela cascurrenta
Hoje ornamenta o museu de uma saudade.
Ao pé do fogo madrugando um chimarrão
E quando eu penso que eu era , quem eu sou
Uma carreta vazia de esperança
Foi somente o que destino me deixou.
Onde eu rodava com minha carreta velha
Riscando os campos do meu querido rincão
No rego fundo da estrada caminheira
Não há mais nada só ronco de caminhão.