Meu poncho emponchava lonjuras
Batendo água.
Eas águas que eu trago nele
Eram pra mim.
Asas de noite em meus ombros
Sobrando casa.
Longe "das casa" ombreada
A barro e capim.
Faz tempo que eu não emalo
Meu poncho inteiro.
Nem abro as asas de noite
Pra um sol de abril.
Faz muitos dias que eu venho
Bancando o tino.
Das quatro patas do zaino
Pechando o frio...
Troca um compasso de orelhas a cada pisada.
No mesmo tranco de várzea que se encharcou.
Topa nas abas sombreras, que em outros ventos
'guentaram' as chuvas de agosto que deus mandou
Meu zaino garrou da noite
O céu escuro.
E tudo o que a noite escuta
É seu clarim.
De patas batendo n'água
Depois da várzea.
Freio e rosetas de espora
No mesmo trim!
Falta distância de pago
E sobra cavalo.
Na mesma ronda de campo
Que o céu deságua.
Quem tem um rumo de rancho
Pras outras quatro patas
Bota seu mundo na estrada
Batendo água!!
Porque se a estrada me cobra, pago seu preço.
E desabrigo o caminho para o meu sustento.
Mesmo que o mundo desabe num tempo feio
Sei o que as asas do poncho trazem por dentro