Passou-se a infância no sem fim do campo,
Nas sobras largas de algum tempo moço,
Nos cinamomos que abrigavam as tropas
Feitas de vida, mansidão e gado de osso.
Eram as estâncias que povoavam as tardes,
Nas sesmarias deste meu pequeno mundo,
A casa grande que abrigava meu sustento
Guardava os sonhos, num pátio do fundo.
Cercas de pedra, carafá, arame e linha
Delimitavam meus espaços e as distancias
Entre o campo que aos meus olhos verdejava
E a ilusão de ser patrão da minha infância.
Quando no campo o inverno dava baixa
E alguma pampa consumia-se ao varzedo
Era um couro, estendido nas estacas,
Eram mais rezes pra estância de brinquedo.
Se foram as tardes nos meus olhos de guri
Que o próprio tempo não deixou para depois,
Levou a infância, numa tropa de inverno,
E estrada a fora, minhas ovelhas e os bois.
Eu já não tenho esta lembrança, por inteiro
Porque o tempo, sem querer nos leva assim.
Mais vive à sombra, nos copados cinamomos,
Esta saudade, que ainda faz parte de mim!