Onde estão os caras
Que lutavam dia-a-dia
Sem perder a ternura jamais?
Onde estão os caras que desmaterializavam
Moedas de dez mil reais?
Onde estão os caras que desconheciam limites
Universal e singular?
Onde estão os caras que desenhavam novas cidades
Em guardanapos na mesa de um bar?
Onde estão as provas?
Onde estão os fatos?
As boas novas
Eram só boatos?
Onde estão os atos de bravura e rebeldia?
Ternura guerreada dia-a-dia?
Será que estamos sós?
Onde estão os caras que pregavam no deserto?
O deserto continua lá
Onde estão os caras que deixavam as portas abertas
Para a vida poder circular?
Onde está o teatro mágico só para iniciados?
Onde está o espaço não privatizado?
Onde estão os caras que acenavam com a mão invisível?
Um mercado para todos nós
Onde estão as provas?
Onde estão os fatos?
As boas novas
Eram só boatos?
Onde estão os caras que lutavam e cantavam
Por um mundo ideal eles gritavam: não estamos sós!
Onde estão os caras que diziam que a guerra ia acabar?
Onde estão os caras que diziam que a maré ia virar?
Onde estão os caras que espalharam o vírus
Prometeram a cura e viraram as costas?
Onde está o outro?
Onde está o diferente?
Onde está o comum a toda gente?
Onde estão as provas?
Onde estão os fatos?
As boas novas
Eram só boatos?
Onde estão as provas?
Onde estão os fatos?