Meu amor, de madrugada,
quando te perdes me perco;
quando a vida está calada
entre os braços que te cerco
Renasce o lume, e alumia,
faz-se unidade uma idade
em que é noite e paira o dia
sem memória nem vontade.
E assim se treme e se trama
a teia do que nos falta:
cada lugar minha cama,
cada cama é lua alta.
E de repente aparece
um silêncio entretecido
em que já nada apetece.
Em que tudo tem sentido.