Aqui está-se sossegado
Longe do mundo e da vida
Cheio de não ter passado
Até o futuro se olvida
Tinha os gestos inocentes
Seus olhos riam no fundo
Mas invisíveis serpentes
Faziam-na ser do mundo
Aqui tudo é paz e mar
Que longe a vista se perde
Na solidão a tornar
Em sombra o azul que é verde
Não foi propósito, não
Os seus gestos inocentes
Tocavam no coração
Como invisíveis serpentes
Durmo, desperto e sozinho
Que tem sido a minha vida?
Velas de inútil moinho
Um movimento sem lida
Nada explica nem consola
Tudo está certo depois
Mas a dor que nos desola
A mágoa de um não ser dois