Foi num cabaré de feira, ruidoso
Que uma vez ouvi cantar, comovido
Uma canção de rameira, sem ter gozo
Que depois me fez chorar, bem sentido
Era a canção da alegria, couplé novo
Mas a pobre que a cantava, eu bem a vi
Naquela noite sorria, para o povo
E ao mesmo tempo chorava, para si
É que a linda cantadeira, tão formosa
Mais linda do que ninguém, certamente
Sentia a dor traiçoeira, rancorosa
A magoar-lhe o peito de mãe, cruelmente
Tinha um filhinho doente, quase á morte
E a pobre ganhava a vida, só de fel
Cantando a rir tristemente, por má sorte
Uma canção de perdida, bem cruel