A pedra bateu na fachada
A casa ruiu
A onda varreu a amurada
Perdeu-se o navio
O lápis sujou-se na lama
Estragou o desenho
A jovem matou-se na cama
Ao lado de um estranho
O homem saltou pela janela
Morreu na calçada
O grito soou na viela
Ninguém deu por nada
A faca apareceu na mão
O corpo caiu
O fogo abateu a prisão
Mas ninguém fugiu
A chave sumiu no tapete
A porta fechou
A sorte saiu no bilhete
Que ninguém comprou
O guarda soltou o ladrão
Prendeu o pedinte
A morto acordou em vão
No dia seguinte
O medo impediu a diferença
O sono não veio
No palco vazio a presença
Que ficou a meio
O sino tocou a rebate
A igreja ardeu
O pai pagou o resgate
O filho morreu
O mar levou muita gente
Ninguém foi ao fundo
O rato matou a serpente
Na selva mundo
São voltas e voltas da vida
A vida é assim
Às voltas nas voltas da vida
Que farei de mim
São voltas e voltas da vida
A vida é assim
Às voltas nas voltas da vida
Que farei de mim