Cajueiro velho
Vergado e sem folhas
Sem frutos, sem flores
Sem vida, afinal
Eu que te vi
Florido e viçoso
Com frutos tão doces
Que não tinha igual
Não posso deixar
De sentir uma tristeza
Pois vejo que o tempo
Tornou-te assim
Infelizmente também é certeza
Que ele fará o mesmo de mim
Já tenho no rosto
Sinais de velhice
Pois da meninice
Não tenho mais traços
Começo a vergar como tu, cajueiro
Que foi meu companheiro
Dos primeiros passos
Portanto
Não tens diferença de mim
Seguimos marchando
Em uma só direção
Apenas me resta da vida o fim
E da mocidade a recordação
Quem ainda não viu
Tambor de crioula do Maranhão?
Afinado a fogo tocado a murro
Dançado a coice e chão?
Crioula, crioula
Aê, tambor da ilha rufou
Aê-ê, a cachaça já baixou
Aê-ê, tinidô, repipocou
Aê-ê, a pungada derribou
Ô, vira vira os óio pro rabo da saia dela
Cambono tá inspirado e ogã cantando pra ela
Requebra com peneirado, olerê rosa amarela
Ô, vira a boca cheia de dentes pra outro lugar
Palmito meu tu não come
Besta é tu, pode rinchar
Coreiro de mão inchada olerê já vai parar
Ô, dá licença, minha gente, eu vou-me embora
Eu vou-me embora, já está chegando a hora
Eu vou-me embora, mas um dia eu volto aqui
Se Deus quiser, Jesus e Nossa Senhora
Se Deus quiser, Jesus, me dê cachaça
Se Deus quiser, Jesus e dona da casa
Se Deus quiser, Jesus e cabocla Jurema
Se Deus quiser, Jesus e dona da casa