Memórias são como balões de gás que deixo ir
Eu faço escapar cotoveladas de ausência me ocupando sem pressa
Mas por aqui tateio o escuro em certas horas
Eu devo me amar, como eu amava teus sonhos
Quando haviam segredos entre nós
Presos como um nó em uma língua
Porém teus olhos dizem mais e falaram mais
Do que imaginei mesmo com tua boca costurada
Como a solidão de um verso vazio
O vácuo do tempo resolve contar: eu não sou mais o mesmo
E ao te ver finjo que sou livre
Ou então que tenho o meu vigor
Astuto junto à pose de covarde desimpedido
Eu mesmo sei do charme descontente de agradar a tudo e todos
Sem ter a força devota, sem a saliva do desejo
Com a lucidez a me ocupar para distrair
Devagar os balões de gás deslizam no céu
E a tua presença se põe a sumir
Eu alimentei os teus ideais
Sabendo que um dia ficariam pra trás
A fé é um fardo leve