São paulo, capital, selva de pedra,
Terra da corrupção, ganância cega.
Judas traidor, trocou jesus por moedas,
O primeiro 171, verme da terra.
Eu vejo meu próprio irmão, tentando me matar,
Vejo meu próprio amigo, querendo o meu lugar.
Vejo a minha mulher, querendo meu dinheiro,
Vejo meu patrão, me humilhando o dia inteiro.
Queria desistir, mas não posso parar,
Se eu desistir agora, quem é que vai sobrar.
Soldadinho de chumbo que o governo comanda,
Mais um monstro do sistema renascido da lama.
Realidade é sofrida, eu vejo de longe,
Atrás do seu olhar, onde a maldade se esconde.
Fardado pra morrer, com a cruz no peito,
Na favela é assim, o medo impõe respeito.
Vou dizer, vou falar,
Quem entra nesse jogo, tem que saber jogar.
Não pode vacilar, não pode deixar falha,
Sente o drama, sente o corte da navalha.
Queria um mundo melhor, pra nossas crianças,
Mas o dia amanhece, acaba com a esperança.
Mais um corpo caido, mais uma alma manchada,
O sangue escorre pela escada, enquanto a mãe desesperada.
Abraça o seu filho com tanto afeto,
E que sobrou ? luto e dor no cemitério aqui perto.
Mais um irmão que se foi, está com deus lá no céu,
Seus sonhos e desejos transformados em papel.
Veneno corre na veia, no ódio puro criado,
Porque nessa guerra, eu sou mais do que soldado.
Eu sou a própria arma, engatilhada para o fim,
Atirando consciência na cabeça dos neguin.
Pois a vida é assim, difícil e suada,
É longo esse filme e é dura a caminhada.
Nessa jornada, a morte não tem glória,
Desordem e regresso, não é vida, nem vitória.
Vou dizer, vou falar,
Quem entra nesse jogo, tem que saber jogar.
Não pode vacilar, não pode deixar falha,
Sente o drama, sente o corte da navalha.
Sozinho eu vou caminhando sempre contra o vento,
Entre rosas e espinhos, é só lamento.
Através do tempo, eu fechei meu coração,
Não liguei para a saudade, não liguei pra solidão.
Sempre tem um inimigo querendo me derrubar,
Mas eu não vou parar, não posso falhar.
Não vou mais chorar, não vou mais sofrer,
Sobrevivendo no inferno, tem que paga pra ver.
Ignoro o estresse, esqueço a depressão,
Entre o verso e a batida, entre o poeta e a canção.
Mil trutas, mil tretas, não sou fã de canalha,
Comédia vacilão, sente o corte da navalha.
O clima aqui é tenso, o mundo sempre gira,
O mesmo que te dá é o mesmo que te tira.
Sai da frente, to passando, quero meu lugar no pódio,
Entre o amor e o ódio...
Vou dizer, vou falar,
Quem entra nesse jogo, tem que saber jogar.
Não pode vacilar, não pode deixar falha,
Sente o drama, sente o corte da navalha.