Rio Grande, berro de touro quatro patas de cavalo
Quem não viveu esse tempo vive esse tempo ao cantá-lo
Eu canto porque me agrada neste meu timbre de galo
É verdade que alguns dizem que os tempos hoje são outros
Que o campo é quase a cidade e os chiripás estão rotos
Que as esporas silenciaram na carne morta dos potros
Cada um diz o que pensa
Isso aprendi de infância
Mas nunca esqueça o herege que as cidades de importância
Se ergueram nos alicerces dos cortins e das estâncias...
Não esqueça de outra parte para honrar a descendência
De tudo aquilo que muda, muda só nas aparências
E até num bronze de praça, vive a raiz da querência...
Eu nasci no tempo errado ou andei muito depressa
Dei "oh de casa" em tapera
Fiquei devendo promessa
Mas se eu pudesse eu voltava pra onde o Rio Grande começa
E se me chamam de grosso nem me bate a passarinha
Argila do mundo novo não tenha a mescla da minha
Sovado a casco de touro com águas de garguejinha
Rio Grande, berro de touro, quatro patas de cavalo
Quem não viveu esse tempo vive esse tempo ao cantá-lo
Eu canto porque me agrada neste meu timbre de galo