Viola que conta a história de peões e boiadas
Parceira que marcou presença em minhas serestas
Viola que canta a relva e o pó da estrada
Viola, pra mim tu sozinha é uma grande orquestra
Viola, raiz sertaneja sem ti não sou nada
E as cordas da minha garganta sem você não falam
Viola de festas caipiras e mansões afamadas
Em suas cordas ganhei meu espaço e venci a jornada
Viola, eu só lhe agradeço o que sou hoje em dia
E é você que afaga as mágoas quando estou triste
Viola, você é a montanha que o vento judia
Igual ao cerne de aroeira que o tempo resiste
Viola ensinou-me que a morte faz parte da vida
Viola foi quase esquecida por filhos ingratos
Viola que trouxe pra muitos o nome e a riqueza
Em troca estão te deixando no anonimato
Viola que canta o choro do manso regato
Viola que perde um filho e outro adota
Viola, seria infinito este meu relato
Viola que chora inocente a quem lhe dá as costas
Viola, eu só lhe agradeço o que sou hoje em dia
E é você que afaga as mágoas quando estou triste
Viola, você é a montanha que o vento judia
Igual ao cerne de aroeira que o tempo resiste
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)