O moço grã-fino aqui da cidade
Por escolaridade tinha formação
Já era formado em duas faculdade
Mais os seus pais vieram do sertão
Nunca tinha visto sitio e fazenda
O monjolo, a moenda, riacho e espigão
Somente sabia por ouvir dizer
Plantar e colher era muito bom.
Seu pai lhe contou as histórias da roça
Do rancho a palhoça onde ele nasceu
A terra meu filho só não era nossa
Mas tinha de tudo onde o papai viveu.
Qualquer dia destes vou te levar
E vou te mostrar tudo que era meu
Com muito carinho eu posso lhe explicar
Por que papai de lá não esqueceu.
Num final de semana o velho convidou
Seu filho doutor como ele prometeu
Para visitar o lugar que morou
Na primeira infância onde ele nasceu.
Saíram cortando campinas e serras
Pros lado das terras onde o velho morava
As arvores floridas na beira da estrada
E a terra tombada com o chuvisco cheirava.
O cantar dolente dos passarinhos
Até parecia que os recepcionavam
Uma juriti construindo seu ninho
E uma seriema ao longe cantava.
A tarde perdia do sol, o seu brilho
E os dois abraçados de emoção choravam
Ao rever a morada e o poço de sari
Ali pai e filho se emocionavam.
Ao cair a noite a mãe natureza
Mandou a beleza e o filho acolheu
E ao surgir a manhã com o canto das aves
O doutor sentiu que ali renasceu.
Disse papai: a bem da verdade
Ninguém me ensinou sobre a felicidade
Eu nunca aprendi lá na faculdade
A grande lição que o senhor me deu.