Será que está num espelho quebrado
Numa carta rasgada?
Num poema de Baudelaire?
Será que está nos romances mais belos
Nas asas de um pássaro?
Ou onde eu quiser?
Será um papel escrito o meu nome
Ou um livro que gosto ?
Ou aquilo que quero ouvir?
Uma canção, um partido político
Todo conto verídico que contam sobre mim.
Será talvez uma angústia eterna
Ambiente ou esperma derramado dos meus ancestrais
Será que é esta minha idade, minha voz, minha arte
Meu sangue e nada mais
Ou será o apelo que sedo
Um gole seco, cedo pela manhã
Ou será já tarde que parte
Impávida análise do teu divã
Ou será a face já deformada
Estrangulada pelo tempo que deixei passar
Por entre os dedos, os dedos molhados já fartos
Embaraçados, embolados de te buscar