Ao surgir cruzando a esquina meu coração
palpita no peito traidor
Mas dias antes de cruzar a esquina
tilinta a tua imagem nas gotas de suor
O meu corpo faminto de tua carne
as veias vociferam teu nome sem pudor
Essas veias e rios arteriais correndo
a sua maneira vão cercando o meu amor
Se você surgir cruzando esquina ou ainda na retina
exalando o seu olor
Deixará chacoalhando no meu peito
um coração sem jeito de olhar sofredor
O teu corpo composto deste barro
forjado pelos deuses formado com ardor
É um corpo repleto de deleites
de uma natureza de vil profanador
Ao surgir da esquina sempre as pressas de tez altiva
como a de um imperador
A minha índole inquieta curte à beça
quando ao fim se acabas se derrete em meu calor
Nossos corpos se fundindo em suas células
se ardendo então correndo e esquecendo toda a dor
Seguem devorando irracionalmente frente a frente
enfim tu deixas tuas gotas de amor